É muito “eu” e pouco “você”.

Sempre que eu chego em casa a primeira coisa que eu vejo é a sua sombra no meu sofá marrom. É o seu sorriso destorcido e ao mesmo tempo tranquilo a me ver entrar. É o cheiro de café fresquinho passeando pela casa. É o gosto do beijo em uma boca macia e quente. É muito olho fechado, muita imaginação e pouca realidade. Você é real, mais não vive em minha realidade.

Eu gostei da ultima vez que nos vimos. Apesar de que depois daquele dia eu já te vi passar pela rua apressadamente por conta do seu trabalho, ou sabe-se lá o qual motivo foi. Sabe, um dia a gente pensa muito em uma pessoa, e no outro as horas passam tão despercebidas que quando se dá conta você já está deitado na cama fazendo a sua oração antes de dormir, e fazendo o mesmo pedido de sempre. Só Deus sabe dos meus pedidos. Só ele sabe o quanto e o que eu peço pra você. Ah, aproveitando, queria logo lhe dizer que boa parte das suas conquistas teve uma mãozinha minha e de Deus, sabia? Talvez você só saiba da parte de Deus. Normal.

Eu sempre quis ficar do seu lado, e disso todo mundo sabe. As pessoas percebem o meu jeito quando te olho. Fico numa mistura de um “bobo apaixonado” com um “nossa, que garoto sofrido”. E eu, como sempre, tento disfarçar olhando para os lados, na esperança de encontrar uma pessoa conhecida para abraçá-la e puxar um bom papo, pra ver se ameniza de alguma forma a dor no peito.

Eu sempre quis te envolver nos meus sonhos, nas minhas vontades de sumir pelo mundo, te enrolar no meu lençol e te beijar atéeeee... É, pena que isso não depende somente de mim. Acho que você – e as outras pessoas ao nosso redor – sabe que só eu que me coloco nessa situação. Só eu imagino nós dois juntos. Você sempre agiu sem dá a mínima para o que eu pensei. Até hoje é assim. Será que eu tenho que me acostumar? Talvez sim. Ou talvez demore mais uma década. Só talvez.

Os “talvez” sempre foram os meus alívios. Talvez eu esteja enganado sobre você. Ou talvez não. Talvez eu tenha me envolvido demais e você de menos. Ou talvez no início você se envolvesse um pouco mais e eu quase nada. Mais agora sem muitos talvez. A certeza é que, por incrível que pareça – ou não – é que eu sempre me envolvi em todos os setores. Você? Você eu não sei. E pensando bem, agora não faz mais importância.