27 setembro 2013

“O dia que notei que era amor”.


Escrito por: Rafael Vianna

Quinta-feira inicio de manhã. Estava calor, então resolvi mergulhar no chuveiro para lavar de vez essa alma que estava podre de tantas advertências sem sentindo algum, grudado feito chiclete em várias partes do corpo. No café da manhã, meus pensamentos estavam todos ligados a você. Alguém comentava algo de muito importante que estava acontecendo na família, mais nem me importei. Pra ser mais específico, nem sei qual era o assunto. O meu café estava esfriando e eu olhando pra parede amarela da cozinha admirando o liso da tinta como se estivesse admirando uma escultura de muito porte em um evento clássico, cheios de gentes importantes falando sobre algo que poucos entendem sobre o assunto.

“Menino, você vai perder a hora da aula.”

Alguém grita me fazendo levantar rapidamente da cadeira deixando o resto de café que ainda tinha na xícara. Naquele dia eu realmente estava flutuando. Estava viajando em lugares que nunca tinha ido, e que nem sabia que existiria essa sensação dentro de um único pensamento. No colégio eu não prestei atenção em bulhufas de nada. Cortei rapidamente as gracinhas de alguns amigos meus e disse que queria ficar sozinho, afinal eu ainda estava tentando descobrir o que estava acontecendo comigo. Era a minha primeira vez que estava sentindo o amor, mais ainda não saberia que era amor. Pra falar a verdade, até hoje eu não sei o que é amor de verdade. Sei o que é amar, mais acho que não sei receber – apesar de que minha família e alguns amigos me amam de verdade, mais quem queremos ao nosso lado pra valer, não está nem ligando se você existe ou deixou de existir.

No dia em que descobrir que te amo foi o dia que surpreendentemente eu não comi absolutamente nada. Só chorava. Às vezes parava e pensava – ou tentava chegar a alguma conclusão – do por que das minhas lágrimas. Meus pais pensaram que eu havia comido alguma besteira em uma lanchonete, quando na verdade o lanche que havia levado para o colégio ainda se encontrava na minha mochila. Na tela do meu computador a sua foto. Eu estava deitado e liguei meu som – com a nossa trilha sonora, que por sinal você nem sabe que a gente tem – e pouco a pouco iria me livrando da profunda dor que havia em meu peito.  Ainda era um pouco cedo para dizer na verdade se era de fato amor que sentia naquele momento e que até hoje se permanece dentro de mim como se virasse um das minhas partes do corpo que ainda tinha para constar.

Eu preferia meu passado, até aonde eu não havia te conhecido. Eu não gostava de ninguém. Eu não sentia nada por ninguém. Sempre falava “eu te amo” mais nunca sabia nenhum significado dessas três famosas palavras que tanto ouvia de várias pessoas, tanto pessoalmente quando na televisão, com aqueles casais bonitos, com mulheres estupidamente lindas, sem mágoas, sem exageros e cheias de personalidades... essas sim são mulheres de verdade. Pena que não passa de uma simples ficção, porque na vida real a realidade é mais clara. Mais intensa. Mais dolorida.


No dia em que descobrir que era amor, você descobriu o que era ganhar um amigo. No dia em que descobrir o que era aprender a odiar o amor, você aprende a amar, me jogando os pés, me fazendo me sentir sozinho, e me fazendo descobrir as várias maneiras que existia em mim, mais que ainda não havia adaptado. 

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